quarta-feira, 21 de setembro de 2011

RETROFIT DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Uma oportunidade para eficiência energética, segurança e produtividade

A aplicação do termo "retrofit" vem sendo aplicado tanto na Europa quanto nos Estados Unidos desde os anos 1950, 1960 e foi incorporado com mais intensidade em nosso "vocabulário técnico", aproximadamente, 20 anos mais tarde. Uma característica interessante das práticas do retrofit nestes países foi a necessidade de se manter as características arquitetônicas centenárias, aliada ao conceito de readequação e viabilização de uso, além de valorização da própria arquitetura da edificação.
O termo está associado e é utilizado nos processos de reforma, renovação, recuperação, revitalização ou modernização e pode ser aplicado tanto edificações (e suas instalações) como a equipamentos. Naturalmente, o retrofit só tem sentido de ser aplicado quando valores são agregados ao imóvel ou aos equipamentos instalados. E aqui podemos ainda acrescentar o conceito de redução de custos operacionais, com a diminuição dos custos com manutenção dos materiais de reposição e serviços, além da redução de emissão de gases de efeito estufa e o consumo de água e energia em uma edificação.
Como o assunto não é novo, o tema pode ser desenvolvido baseado não em propostas, mas em casos reais praticados e que se tornaram públicos, tanto pela publicação de trabalhos como pela informação dos profissionais que deles participaram. Alguns pontos serão aqui apresentados e seria importante que fossem ampliados por aqueles que também tem suas histórias para contar. É necessário ainda considerar a importância e a relação do tema com as certificações referentes aos aspectos ambientais que estão ocorrendo nestes prédios (como a certificação Leed e o selo Procel).


Adequação de uso de instalações elétricas prediais

Os edifícios residenciais no Brasil, construídos desde antes da Segunda Guerra Mundial, possuem alta valorização comercial, seja pela localização, pela própria estrutura, ou ainda por razões arquitetônicas e históricas.
No tocante as instalações elétricas, estes prédios foram construídos com previsão de carga elétrica adequada para as condições da época em que foram projetados. Um bom projeto elétrico dos anos 1970, 1980, por exemplo, poderia apresentar chuveiros com potências de 1.500 W a 2.500 W, a previsão de um ponto para iluminação (em cada um dos dois quartos típicos de um apartamento) com 60 W cada um, uma tomada para geladeira e algumas tomadas para eletrodomésticos que existissem na época. Pois bem, caso estas instalações estivessem hoje ainda em suas concepções originais, o seu uso não seria mais adequado.
Outro ponto importante a destacar refere-se a forma construtiva dessas instalações, que, eventualmente, empregavam eletrodutos (se é que foram instalados) de talvez 1/2 polegada, elementos de isolamento de fiação obsoletos, divisão inadequada de circuitos, dispositivos de proteção baseados na tecnologia de fusíveis do tipo "rolha", enfim, tudo o que era possível se construir com as normas e equipamentos que eram disponibilizados e acessíveis no mercado, no período de suas concepções.
O retrofit irá considerar, portanto, a capacitação dessas instalações para o uso atual, com intervenções na entrada de energia, nos alimentadores (eventual troca de cabos por barramentos blindados), nos novos quadros de distribuição e terminais, assim como nova distribuição de circuitos terminais. Vale também ser feita a revisão dos acionamentos das bombas e da tecnologia dos elevadores. Esta situação torna-se dramática quando o edifício tem seu uso modificado, passando a exercer a função de prédio comercial contemplando a presença de cargas de tecnologia de informação, ar-condicionado e outras de viral importância para a operação segura do prédio.


Edifícios comerciais

Até meados da década de 1980, os edifícios comerciais tinham como principais cargas os sistemas de iluminação fluorescentes, com lâmpadas do tipo T12 (de 40 W, conhecidas e ainda presentes em nossas instalações, ou ainda as lâmpadas HO). Possuíam também sistemas de ar-condicionado, que se fossem do tipo central eram refrigerados por fluidos com presença de CFC, hoje de uso extinto pelo protocolo de Montreal. Outras cargas presentes eram as bombas (sempre sobredimensionadas apresentando perdas importantes) e elevadores com sistemas de baixa eficiência energética. As tomadas de uso geral tinham aplicação restrita e as máquinas de escrever apresentavam baixa potência elétrica, além de outras aplicações sem importância do ponto de vista da carga elétrica.
Alguns prédios possuíam, a exemplo das indústrias, bancos de capacitores que foram instalados quando as concessionárias passaram a cobrar a energia reativa dos consumidores com fatores de potência menores que 85%, mas, posteriormente, no início dos anos 1990, este limite foi incrementado para 92%.
O sensível aumento da carga elétrica, em função do uso massivo de cargas de tecnologia de informação nos escritórios, assim como o aumento da densidade de ocupação destes prédios e os conhecidos aspectos de eficiência energética e sustentabilidade, motivou os administradores e empresas que ocupam estes edifícios a buscarem a solução do retrofit.


Exemplos comuns de retrofits de sistemas relacionados à adequação de instalações elétricas, eficiência energética e aspectos ambientais.

Instalações elétricas:
• Readequação de prumadas com uso de novos condutos para os novos circuitos de distribuição ou barramentos blindados; cuidados especiais na adequação dos condutores neutro destes circuitos, devido à presença das harmônicas e de cargas não lineares;
• Adequação de sistemas de aterramento e proteção, e uso de dispositivos diferenciais residuais e de proteção de surtos (DR e DPS);
• Readequação de subestações com o uso de transformadores a seco e bancos de capacitores adequados à presença de harmônicas e cargas rápidas. Novos instrumentos de medição nos painéis elétricos principais, proporcionando ao pessoal de operação e de manutenção informações importantes, como comportamento das outras variáveis elétricas, além das tradicionais tensões e correntes, captura de curva de carga, indicadores de qualidade de energia e harmônicas, e até a avaliação do comportamento da qualidade do fornecimento pela concessionária na entrada de energia, e mesmo na identificação de soluções de problemas;
• Atendimento dos painéis elétricos e outras partes da instalação às novas regulamentações de segurança e à NR 10. Atendimento às normas técnicas ABNT NBR 5410 e ABNT NBR 14039;
• Implantação de medições setorizadas para rateio de energia por principais áreas de consumo;
• Readequação de circuitos associados às novas exigências das cargas.

Instalações hidráulicas e gás:
• Controle do uso de água na edificação, instalação de medidores individuais, aparelhos mais eficientes, substituição de prumadas e ramais corroídos ou subdimensionados;
• Correções de vazamentos, uso de aparelhos sanitários e controles mais eficientes;
• Instalação de sistemas de água de reúso;
• Retiradas dos botijões de GLP dos pavimentos e alimentação por rede de concessionária. Uso de aparelhos mais eficientes.

Sistemas de iluminação:
Considerando-se que um sistema de iluminação é composto por luminária, lâmpada e dispositivo de controle (salvo exceção da lâmpada incandescente que pode não possuir dispositivo de controle), o retrofit deve considerar a intervenção nos três componentes - ou quatro, se considerarmos a intervenção no projeto luminotécnico. Cabem aqui algumas observações:
• Análise da aplicabilidade das fontes de luz (lâmpadas) às tarefas visuais;
• Uso de luminárias eficientes e adequadas ao uso (por exemplo, com aparatos de controle de ofuscamento) e utilização de reatores e controles de baixas perdas integrados a sistemas de automação.
• Análise da oportunidade de redução de energia para um mesmo processo (lâmpadas fluorescentes modernas atingem mais de 100 Im/W), considerando diminuição dos custos de operação e aspectos ambientais, como o custo do processo de reciclagem das lâmpadas e menor quantidade de metais pesados nas novas tecnologias. Atentar para as tecnologias que estão chegando, como os Leds e outro tipo de controles, como lâmpadas a vapor de sódio e a vapor metálico com reatores eletrônicos dimerizáveis.

Acionamentos, motores e bombas:
Novos sistemas de acionamento associados a motores de alto rendimento são boas oportunidades de redução de energia e projetos de eficiência energética. Bombas superdimensionadas devem ser trocadas e vale ressaltar que esta substituição possui rápido tempo de retorno, pois seus custos operacionais são muito superiores aos de aquisição.

Elevadores:
Elevadores em grandes prédios comerciais com modernos sistemas de acionamento são boas ferramentas para projetos de eficiência energética.

Sistemas centrais de ar-condicionado:
A substituição de sistemas centrais de ar-condicionado por outros com tecnologias atualizadas, além do uso de gases refrigerantes adequados a todos os protocolos ambientais, é outra oportunidade interessante.

Implantação de sistemas de automação e gestão predial:
A automação predial é aplicada no controle de diversos processos, de forma a garantir que o uso da instalação e estes processos tenham sido feitos da forma programada e estabelecida, tratando-se de um importante complemento. Ainda é possível projetar controles com inteligência própria e lógica do tipo "If-then", além de controles de segurança física e patrimonial, como sensores, detectores, câmeras, catracas, etc. A automação coroa todo o retrofit, uma vez que os projetos implantados dependem de uma importante participação dos sistemas automáticos e de controle.


Por José Starosta
Artigo publicado na Revista O Setor Elétrico Ed. 65 junho de 2011

A ENERGIA QUE VEM DO SOL

Sistema fotovoltaico é aposta de empresários e pesquisadores entusiastas das fontes renováveis de energia.



O Brasil será o sétimo maior mercado consumidor de energia em 2030 e, para atender ao crescimento da demanda brasileira, estimada em 3,3% ao ano nas próximas duas décadas, serão necessários investimentos da ordem de US$ 750 bilhões. É o que diz o estudo
“Brasil Sustentável - Desafios do Mercado de Energia", produção conjunta da Ernst Young Brasil e da Fundação Getúlio Vargas Projetos.
O sócio da Ernst  Young, José Carlos Pinto, destaca que a oferta de energia competitiva e de qualidade é um requisito imprescindível para o crescimento econômico sustentável. "Analisar o desempenho do setor é crucial para visualizar as oportunidades e os obstáculos que se apresentarão nas próximas décadas. As projeções e os cenários apontados no estudo são importantes para o planejamento das empresas, do governo e para entender as transformações pelas quais passará a demanda de energia no Brasil e no mundo", afirma o executivo.
E quando se fala em qualidade, cada vez mais o que estará em yoga é a questão da sustentabilidade. O desafio é suprir a demanda de energia necessária para o crescimento do país com menos impacto ambiental e social possível. Nesse sentido, a ainda incipiente energia fotovoltaica seria uma das soluções plausíveis em um país em que os índices de incidência solar são favoráveis à sua implantação, não apenas em regiões afastadas, mas como complemento à própria rede. É sob esta perspectiva que a Memória da Eletricidade deste mês aborda a história da energia solar e como ela vem se desenvolvendo no Brasil.

Da luz às placas de silício

A história oficial da energia solar tem inicio em 1839, quando o efeito fotovoltaico foi observado pelo físico francês Alexandre Edmond Becquerel. Na época, o físico conduzia experiências eletroquímicas quando, por acaso, verificou que a exposição à luz de elétrodos de platina ou de prata dava origem ao efeito fotovoltaico. Novamente o acaso exerceu papel coadjuvante, quando foi construída a primeira célula fotovoltaica com selênio, por Willoughby Smith, em 1873.
Na sequência desta descoberta, Willian Adams e o seu aluno Richard Day desenvolveram, em 1877, o primeiro dispositivo sólido de fotoprodução de eletricidade formado por um filme de selênio depositado em substrato de ferro, em que um filme de ouro muito fino servia de contato frontal. Este dispositivo apresentava uma eficiência de conversão de aproximadamente 0,5%. Em 1883, Charles Fritts aperfeiçoou o dispositivo, inserindo várias camadas de selênio e obtendo eficiência de 1%.
Em 1940, Russel Ohl inventou a primeira placa solar de silício, porém, foi somente em 1954 que Calvin Fuller e Gerald Pearson desenvolveram o processo de dopagem de silício, nos Laboratórios Bell, localizado em Murray Hill (EUA). Pearson, seguindo instruções de Fuller, produziu uma junção p-n ou díodo, mergulhando num banho de lítio uma barra de silício dopado com um elemento doador eletrônico. Ao caracterizar eletricamente a amostra, Pearson descobriu que esta exibia um comportamento fotovoltaico. A descoberta foi compartilhada com Daryl Chapin, que na época trabalhava em uma alternativa de energia para baterias elétricas que alimentavam redes telefônicas remotas. Mais tarde, com o intuito de superar problemas técnicos, Fuller dopou silício primeiro com arsênio e depois com boro, obtendo células que exibiam eficiências recorde de cerca de 6%.
Em 1954, a primeira célula solar foi formalmente apresentada na reunião anual da National Academy of Sciences, em Washington (EUA). Em 1955, a célula de silício foi aplicada pela primeira vez como fonte de alimentação de uma rede telefônica em Americus, na Geórgia.
A princípio, a energia fotovoltaica ficou restrita a utilizações em locais onde não havia energia da rede e à alimentação de satélites e sondas espaciais. "A corrida espacial, de certa forma, ajudou no aperfeiçoamento do sistema fotovoltaico porque os primeiros satélites funcionavam à base de baterias que simplesmente acabavam depois de um tempo. A segunda geração de satélites passou a funcionar 100% com energia fotovoltaica. O processo era caro e durante muito tempo ficou restrito a esta área", explica o professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Ricardo Ruther.
O primeiro satélite alimentado por energia solar, denominado Vanguard I, foi enviado ao espaço em março de 1958 e encontra-se em órbita até hoje.

Energia renovável
Quando se fala em energia solar, três fatores se destacam no seu uso: a capacidade de renovação, o menor impacto ambiental e a viabilidade de gerá-Ia a partir do ponto de consumo, em lajes, coberturas, etc. Este ultimo fator é responsável por vantagens importantes da energia solar como evitar o desperdício por transmissão e distribuição. "Apesar de o Brasil ser muito bom neste quesito, apenas 7% de nossa energia é perdida no processo de distribuição, temos que investir muito para que a energia saia dos centros de geração e chegue até nossas casas, o que não é necessário no caso da energia solar", explica Ruther.
O professor também explica a principal diferença no uso direto da energia solar e que costuma gerar certa confusão entre os leigos. Uma das maneiras de utilizar a energia do sol é por meio de coletores térmicos que transformam a luz do sol em calor para aquecimento de água. "Esta tecnologia é multo simples em relação a que utilizamos para de fato gerarmos energia", diz o professor.

A segunda maneira é converter a energia solar diretamente em energia elétrica, utilizando células fotovoltaicas revestidas de semicondutores que, ao absorver luz, produzem uma pequena corrente elétrica.
Para se ter idéia do potencial fotovoltaico brasileiro, se fossem coberto apenas 0,04% de todo território nacional com placas fotovoltaicas, o sistema atenderia a 100% do consumo do país.
Devido aos elevados custos de fabricação e manutenção, a utilização da energia solar ainda não oferece vantagem para uso comercial no Brasil. O que se tem hoje são aplicações em universidades, centros de pesquisa e algumas distribuidoras com a finalidade de observar seu funcionamento.
A maior parte da energia gerada por sistema fotovoltaico ainda é tímida e isolada no país, a exemplo do projeto Luz para Todos, do governo federal, que cumpre seu papel de levar eletricidade para mais de 10 milhões de pessoas do meio rural. Porém, isso é algo que deve mudar nos próximos anos. Segundo o professor Ricardo Ruther, o grande empecilho à popularização da Fonte é o alto custo da energia solar, que inicialmente também foi um problema em países que hoje já a empregam de forma mais extensa. Esta suavização dos preços deu-se graças a incentivos de fomento à indústria e à conscientização da busca por energia renovável. Hoje, ela já tem papel importante na matriz energética de países como Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Japão, lideres no desenvolvimento e utilização desta tecnologia.
"A realidade da energia fotovoltaica no mundo é de crescimento. E quanta maior a demanda, maior é a tendência de que os preços de seus compostos e do valor da energia solar caiam, à medida que forem ocupando maior papel no mercado", afirma Ruther.
A titulo de curiosidade, cada MW/hora gerado a partir do sol custa entre R$ 450 e R$ 500, dependendo
da tecnologia. A energia de hidrelétrica não passa de R$ 100. O preço da eólica e da energia térmica é da ordem de R$ 140 e a nuclear R$ 150. A energia térmica tem uma variação maior de preço, mas está na faixa da eólica.
Outro aspecto que tem impedido a energia fotovoltaica de crescer no Brasil é o pouco conhecimento que os profissionais do setor tem sobre a tecnologia. "Das instalações que temos hoje 90% foram realizadas nos últimos cinco anos e ainda é muito recente. Por isso que a academia e a indústria estão empenhadas em pressionar o governo para fomentar a energia fotovoltaica em nosso país", ressalta o professor.

Silício de grau solar
Ruther também chama a atenção para o fato de o país ser um dos grandes produtores de silício do mundo, mas apenas exporta o mineral, quando poderia agregar valor ao negócio, produzindo o Silício de Grau Solar (SiGS), utilizado nas placas fotovoltaicas.
Segundo dados do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), o Brasil, como um dos maiores produtores mundiais de silício de grau metalúrgico, com capacidade de produção de aproximadamente 200 mil t/ano, tem possibilidade de agregar valor a este produto que atualmente é comercializado por preços de aproximadamente US$ 1,5 por quilo, podendo passar para cerca de US$ 30 a US$ 60 por quilo, dependendo da qualidade do produto produzido.
Além disso, com o estabelecimento de uma indústria produtora da principal matéria-prima empregada na produção de células solares fotovoltaicas, haverá condições favoráveis para projetos de implantação e expansão de indústrias fabricantes de céluIas e painéis solares fotovoltaicos no Brasil.
Ainda com fonte em dados do IPT, o crescimento da demanda de silício de grau solar é decorrente da necessidade de substituição de energias baseadas em combustíveis fósseis por energias mais limpas e renováveis, no sentido de cumprimento de metas de redução das emissões de CO2. Assim, o mercado de energia solar fotovoltaica tem crescido, em média, a taxas superiores a 40% ao ano nos últimos dez anos e, em 2009, o crescimento foi de 52%.
Apesar de o custo da energia solar ainda ser elevado, ele vem caindo significativamente nos últimos anos e, segundo previsões, em um futuro não muito distante (2020/2030), a energia solar fotovoltaica terá custos competitivos com as fontes tradicionais de energia.
Em 2009, o consumo de silício na indústria solar fotovoltaica foi superior a 100.000 t e as perspectivas de crescimento do consumo do silício de grau solar (SiGS) indicam um consumo superior a 200.000 t em 2020, representando um mercado de aproximadamente US$ 5 bilhões, mesmo considerando taxas de crescimento modestas.

Fomento à indústria

Em agosto de 2010, um grupo de cinco empresas participou de uma reunião inter-ministerial na sede do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com o objetivo de apresentar a intenção de compor um grupo setorial no âmbito da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), com a proposta de criação do Programa Brasileiro para o Estabelecimento do Setor Fotovoltaico.
O Grupo Setorial (GS) obteve grande adesão e suporte por parte das empresas que compõem o emergente segmento fotovoltaico no Brasil, congregando hoje 60 empresas dos diferentes segmentos de sua cadeia de valor. Desde fevereiro deste ano, o GS conta com uma diretoria e quatro grupos de trabalho (GT): GT Leilão, GT Mercado, GT Tributário e GT Inversores/Normas.
Segundo o presidente do GS, Leônidas Andrade, é possível dizer que já há no Brasil uma indústria emergente e ativa ligada ao setor fotovoltaico, produzindo inversores, controladores de carga, estruturas de alumínio, gabinetes, além de cabos e conectores.
AIém disso, Andrade fala sobre o ressurgimento das primeiras empresas produzindo móduIos fotovoltaicos com o sentido de ampliar e verticalizar a sua produção, tão logo haja demanda que justifique investimentos adicionais. Segundo documentos do grupo, outros projetos para fabricação de células e módulos estão em plena fase de desenvolvimento, esperando apenas por uma sinalização mais firme que justifique os seus investimentos.
Com presença especial na edição 2011 da Feira Internacional da Indústria Elétrica, Energia e Automação (Fiee), em que 18 empresas apresentaram produtos desenvolvidos para o setor, Andrade afirma: "apesar de a indústria brasileira ainda ser embrionária, o interesse pelo fotovoltaico é grande e impulsionou a criação do grupo, cuja missão é discutir a indústria fotovoltaica como uma das formas de energia que se tornará cada vez mais competitiva no mundo", prevê.

Planta piloto instalada na sede da Eletrosul, em Florianópolis (SC)
Além de fomentar discussões, o GS também visa a fortalecer a necessidade de o Brasil ter uma indústria instalada e pronta para suprir a própria demanda nacional, quando a energia fotovoltaica estiver estabelecida no país, além de se tornar exportadora. É neste sentido que o governo deve entrar como parceiro desta indústria que nasce com um mercado promissor em vista.
"Nós levantamos que programas de energia solar fotovoltaica dos países desenvolvidos tem por prioridade movimentar suas economias por meio de índices estratégicos de nacionalização de sistemas fotovoltaicos, estimulando a criação de indústrias e, sobretudo, gerando empregos de valor agregado. Para se ter no Brasil mercado fotovoltaico sustentável e de larga escala é preciso instituir programa de incentivo ao estabelecimento de fábricas de equipamentos no Brasil", afirma Andrade.
O presidente do GS finaliza realizando um paralelo entre a política industrial para equipamentos eficientes e a concreta adoção das tecnologias renováveis na matriz energética brasileira.
Para Andrade, tendo em vista o papel complementar e estratégico das fontes alternativas e renováveis, e entendendo a diretriz do Governo para o setor elétrico de diversificação da matriz energética, essas fontes continuarão a ser estimuladas em consonância com os procedimentos estabelecidos pelo novo modelo do setor elétrico. Entretanto, esse estímulo deverá vir acompanhado de uma política industrial que promova o desenvolvimento nacional da cadeia produtiva das tecnologias dessas fontes, pois a indústria nacional de equipamentos ainda precisa ser desenvolvida, a fim de se obter redução de custos e ganho de escala.
Com este cenário de crescimento e de fortalecimento das energias renováveis, é possível afirmar que a energia solar é uma das formas de geração de eletricidade que deve crescer substancialmente nas próximas décadas e vem com a missão de auxiliar um dos grandes desafios deste milênio que é suprir a necessidade de energia de forma sustentável.
O principal obstáculo a ser superado neste momento é fazer o equipamento necessário a geração da energia solar tornar-se mais barato e acessível. Na opinião de Andrade, o governo precisa fazer sua parte, subsidiando este tipo de investimento e vendo a energia solar não apenas como um sistema para ser usado em locais isolados, mas para complementar a demanda em rede.



Por Luciana Mendonça
Artigo publicado na Revista O Setor Elétrico Ed. 65 junho de 2011

O MITO DA MADEIRA

A TEORIA DE QUE NÃO SE DEVE USAR MADEIRA EM QUADROS ELÉTRICOS É UMA RECOMENDAÇÃO NORMATIVA OU UMA LENDA VIVA NO SETOR ELÉTRICO? VEJA O QUE ESPECIALISTAS DIZEM SOBRE O ASSUNTO
Não raramente, ouvimos, inclusive de profissionais experientes na área, que madeira e eletricidade não podem andar juntos e chega a ser uma heresia o seu emprego no fundo de quadros elétricos. Em uma breve pesquisa no Google, por exemplo, encontramos em inúmeros sites - mesmo especializados - a indicação de que não se deve utilizar a madeira em quadros de eletricidade. Um deles determina: "0 quadro de luz deve ser metálico ou de material incombustível e nunca de madeira (na sua parte interna ou externa". Para muitos, esta proibição é certa e inconteste e poucos chegam a pesquisar o tema, visto que, muitas vezes, não restam dúvidas quanto a esta aplicação. Mas, afinal, esta seria uma recomendação normativa, excesso de zelo ou uma prática sem razão de ser? 0 que dizem as normas técnicas sobre este assunto?
Para o consultor e professor Hilton Moreno, para discutir a questão é preciso recorrer a dois conceitos fundamentais: condutividade térmica e ponto de combustão. A norma de instalações elétricas de baixa tensão ABNT NBR 5410 diz:

5.2.2.1.2 - Os componentes fixos, cujas superfícies externas possam atingir temperaturas suscetíveis de provocar incêndio nos materiais adjacentes, devem ser: a) montados sobre ou envolvidos por materiais que suportem tais temperaturas e sejam de baixa condutividade térmica.
Hilton Moreno explica que condutividade térmica é uma propriedade física dos materiais, medida em W/m.K, que descreve a habilidade dos materiais de conduzir calor. "Enquanto, por exemplo, a condutividade térmica do alumínio é 237 W/m.K e a do ferro é 80,3 W/m.K, a da madeira (pinho) é apenas de 0,11 a 0,14 W/m.K. Assim, devido à organização estrutural do tecido, que retém pequenos volumes de ar em seu interior, a madeira impede a transmissão de ondas de calor ou frio, tornando-se um mau condutor térmico (baixa condutividade térmica), isolando calor ou frio", esclarece. Desse modo, a madeira acaba sendo qualificada como um material apto a receber os componentes elétricos.
Além disso, outro ponto importante refere-se à combustão, ou seja, a temperatura mínima em que um combustível sólido, sendo aquecido, desprende gases que, em contato com fonte externa de calor, se incendeiam, mantendo-se as chamas. Moreno explica que o ponto de combustão da madeira e da ordem de 300°C. Dessa forma, para provocar incêndio em madeira, é necessário que a superfície extrema do componente elétrico seja constante e igual ao ponto de combustão da madeira, o que, segundo ele, não é uma condição usual. "Até porque os circuitos são interrompidos pelos dispositivos de proteção contra sobrecorrentes em frações de segundos em temperaturas menores do que esta, anulando assim a fonte de calor para a combustão da madeira", acrescenta.
Não há, portanto, na ABNT NBR 5410 qualquer menção ou proibição ao uso de madeira no fundo de quadros elétricos.
Alguns documentos com regras de instalação caminham na mesma direção que a norma de instalações de baixa tensão. É o caso do "Regulamento de instalações consumidoras" das concessionárias AES Sul, CEEE e RGE, que recomenda, inclusive, entre outros materiais, a aplicação da madeira:
"9.2. Caixas e/ou painéis para medição
9.2.1. Material Devem ser confeccionadas em chapa de aço oleada ou zincada, alumínio, resinas poliéster reforçadas com fibra de vidro, policarbonato, polietileno, poliéster ou madeira.'

O documento fornece as seguintes instruções:
"3.2.4. Caixas de madeira Devem ser confeccionadas somente nos modelos CI e CE, de cerne ou pinho, aplainado em ambos os lados, sem fendas ou rachaduras, com espessura mínima de 2 cm.
Devem ser pintadas interna e externamente com tinta a óleo, esmalte sintético ou envernizada. O modelo CE deve ter a face superior revestida com chapa metálica. O modelo CI deve possuir moldura. Em regiões com acentuado índice de corrosão (carboníferas e litorâneas), as partes metálicas (dobradiças, trinco, fecho, face superior, etc.) devem ser de material não ferroso. "
Mas há controvérsias. Diversos especialistas manifestam-se contra este tipo de aplicação. Na opinião do engenheiro eletricista e de segurança do trabalho, Roberval Mostardeiro de Paula, por exemplo, a principal argumentação contra o uso da madeira refere-se a outras questões, como o apodrecimento, o cupim, a umidade e a salinidade do material. "A madeira tem uma durabilidade limitada e não permite, por exemplo, um trabalho mais complexo, diferente do poliéster refinado, muito melhor e mais fácil para se trabalhar", avalia.
Para ele, um composto de poliéster (SMC resina termofixa prensada ou assemelhado) com aditivos específicos possui condições de suportar até 960°C. Resiste aos agentes do clima tais como umidade, UV, ambientes salinos, às bruscas mudanças climáticas, imune a cupins. Isso sem contar com a moldabilidade. "Pode-se argumentar que a madeira tratada
pode chegar bem próximo destes níveis, o que eu concordo, mas neste caso surge uma dúvida: que norma prescreve a obrigatoriedade do tratamento da madeira antes de aplicá-la em painéis de eletricidade? Quais os critérios? Que parâmetros?", questiona.
Nesse sentido, o site do Procobre, por exemplo, traz o seguinte aconselhamento embutido em um artigo: "Quadro de luz: é a peça chave inicial das instalações elétricas. Deve ser metálico ou de material não-combustível, tanto na sua parte interna ou externa. Se o quadro de luz for antigo ou de madeira, por exemplo, é aconselhável trocá-lo o quanto antes". Para Roberval de Paula, dimensões, replicabilidade, facilidade construtiva, tempo de instalação, padronização e normatização, enfim, falta de certificação, são os argumentos que inviabilizaria o uso da madeira. "Como ensaiar e certificar um painel de medição feito em madeira e depois efetuar sua instalação sem que perca as características certificadas?", indaga.
O engenheiro Edson Martinho, diretor-executivo da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracope!), concorda que não há restrições normativas quanto ao uso da madeira, mas não recomenda seu uso. Segundo ele, para que a madeira seja utilizada, é preciso que a instalação esteja corretamente dimensionada, com os devidos dispositivos instalados para não correr riscos. O engenheiro Eduardo Daniel, da Certiel Brasil, também não recomenda o uso da madeira por conta do risco de combustão em caso de fogo nos contatos ou condutores. Roberval de Paula diz que, em maior ou menor grau, a madeira é um combustível se comparada aos metais comumente utilizados em painéis de eletricidade. "Se assim fosse, porque os quadros de comando, CCMs, não são feitos de madeira?", lembra.
Mesmo não havendo restrições normativas, muitos profissionais manifestam-se contra o uso da madeira. Portanto, o uso ou não do material fica por conta de cada instalador e/ou projetista.


Artigo publicado na Revista O Setor Elétrico Ed. 63 abril de 2011

INTERNET CENTRADA EM CONTEÚDO

A atual arquitetura de Internet, centrada no computador, trata o conteúdo e serviços simplesmente como bits de dados transportados entre sistemas. Embora esse conceito simples tenha benefícios na interação entre usuários e servidores, é necessário pensarmos em um novo modelo de interação, agora centrado em conteúdo, sem as Iimitações da Internet que hoje conhecemos e sem depender da sua localização. A Internet, como sabemos, baseia-se num modelo que interconecta interfaces de hosts finais - servidores e dispositivos de usuário - que são normalmente identificados por endereços IP. A riqueza de informações e aplicações que hoje desfrutamos é toda hospedada em computadores e é invisível para a operação básica da Internet, que trata conteúdo e servços simplesmente como bits de dados transportados entre sistemas finais. Embora esse modelo relativamente simples de operação tivesse, no início da Internet, claros benefícios para a interação entre usuários e servidores bem conhecidos, que usavam serviços como transferência de arquivo ou acesso a terminal remoto, a recente evolução da forma de usar a Internet requer a criação de uma plataforma de mais alto nível para a interação com entidades digitais que representem conteúdo de todos os tipos. O objetivo é fazer uma CCI - Internet Centrada em Conteúdo, em vez de centrada em computador, como acontece hoje. Numa CCI, o conteúdo é endereçável, independentemente de sua localização.
Limitações da atual arquitetura de Internet

Hoje em dia, a grande maioria do uso da Internet relaciona-se a descoberta e recuperação de conteúdo e serviços, entrega e streaming de conteúdo e acesso a serviços da web. O usuário importa-se apenas com o conteúdo ou serviço, em si, e com a entrega adequada, embora permaneça alheio a sua localização. Ou seja, o usuário quer noticias da BBC, vídeos do YouTube ou informações sobre o tempo, concretas e entregues em qualidade e formato adequados, mas não sabe ou não se importa com a máquina em que residem os dados ou serviços desejados, desde que a confiabilidade, a segurança e a privacidade estejam garantidas. A figura 1 mostra a funcionalidade da Internet atual, que consiste dos seguintes tipos de nó:
• servidores de conteúdo ou caches;
• servidores centralizados, descentralizados ou em cluster, incluindo máquinas de busca e servidores de suporte (por exemplo, servidores DNS, AAA, DRM - Gestão de Direitos Digitais, etc.);
• roteadores de núcleo e de borda e gateways residenciais (representados como R1 a R5 na figura 1); e
• usuários conectados via terminais fixos, sem fio ou móveis.
O passo inicial é a descoberta de conteúdo pela máquina de busca: ela rastreia a Internet ou inspeciona os pacotes roteados para encontrar, classificar e indexar conteúdo ou serviços. Alternativamente, os usuários podem publicar o conteúdo e informar manualmente a máquina de busca. O segundo passo é a descoberta de conteúdo pelo usuário: se ele não sabe onde se encontra o conteúdo, faz o pedido a uma máquina de busca e recebe como feedback vários URLs, onde o conteúdo está armazenado. O ultimo passo é a entrega/ streaming de conteúdo: O usuário seleciona uma URL e o conteúdo é entregue ou streamed para ele. No caso de serviços de comunicação ao vivo (por exemplo, VoIP ou videoconferência), os usuários A e B comunicam-se usando os seus endereços IP como referência.
No cenário mostrado na figura 1, se os dois usuários, A (UA) e B (UB), pedem o mesmo conteúdo a mesma máquina de busca, terão como resposta que o conteúdo está armazenado no servidor de conteúdo 1 (CS1). O esquema funciona para aplicações e uso atuais e continuarão a fazê-Io, desde que haja recursos suficientes no sistema para a entrega. "Recurso" pode significar capacidade de largura de banda em um dado enlace ou a capacidade de rotear um pacote de dados com atraso suficientemente baixo.

Fig.1 – Arquitetura de rede atual, descoberta, recuperação e streaming de conteúdo.

Porém, o que acontece quando bilhões de dispositivos estão conectados? E quando os usuários demandam resoluções de vídeo que requerem largura de banda maior do que a suportada pelos enlaces típicos? E se cada vez mais usuários conduzirem as comunicações de vídeo e áudio com restrições de atraso e em tempo real usando a Internet? Essas mudanças somente são suportadas na atual Internet com um investimento maciço e, mesmo assim, a arquitetura pode exibir características de instabilidade. Uma evolução inteligente da arquitetura de Internet levará a um uso muito mais eficiente dos recursos disponíveis (largura de banda, capacidade de roteamento) e oferecerá um ambiente comercial que estimula o investimento. Entretanto, algumas mudanças nesse esquema levariam a um melhor uso dos recursos disponíveis. Por exemplo:
• se fosse possível armazenar/colocar em cache o conteúdo mais perto dos usuários finais, não apenas nas extremidades, como em proxies locais, mas de forma transparente na rede (roteadores, servidores, nós, data centers), então a entrega de conteúdo seria muito mais eficiente;
• se os roteadores pudessem identificar/analisar que conteúdo está fluindo através deles, as máquinas de busca ganhariam um conhecimento bem maior (mesmo o streaming) da localização do conteúdo e forneceriam informações até em fluxos de vídeo "ao vivo";
• se a rede pudesse identificar qual o melhor caminho para o usuário (menos congestionamento, menor atraso, mais largura de banda), poderia fornecer um melhor meio para a entrega de dados;
• se Fosse possível selecionar e adaptar o conteúdo ao contexto, o usuário teria uma vida bem mais fácil. Por exemplo, ao entrar numa sala, uma sessão de TV por telefone poderia se transferir para a tela grande e adaptar-se a resolução ali oferecida.

Da experiência de conteúdo à de serviços e à de mídia

No debate sobre o formato da futura Internet, três fortes conceitos vieram à tona: usuário, serviço e conteúdo. Cada qual se apresenta como uma força poderosa, capaz de explicar a recente evolução e reivindicar o direito a orientar a futura Internet.
A perspectiva centrada no usuário enfatiza a experiência do usuário final como a força propulsora de toda inovação tecnológica, ressaltando que hoje a Internet é mais uma rede social ativa do que uma conexão de dispositivos.
A visão centrada em serviço tem suas raízes nas soluções de TI empresariais e na cultura de web 2.0 que mistura dados de diversas fontes (mash-up), mostrando como se podem construir valiosas aplicações com maior rapidez e eficiência se for possível reutilizar os componentes de serviços de formas mais flexíveis.
A visão centrada em conteúdo refere-se ao papel central que o conteúdo de mídia rica tem para atrair usuários para serviços de Internet, uma vez que os consumidores de conteúdo tornam-se cada vez mais produtores de conteúdo. A visão também analisa como a transferência de conteúdo de mídia pode impactar a operação da rede. Uma vez que as três visões enfatizam diferentes aspectos, mais do que expressam afirmações opostas, o surgimento de uma perspectiva abrangente pode ajudar nas escolhas corretas de projeto para a Internet futura.
Para satisfazer a experiência do usuário, uma Internet centrada em conteúdo dependerá da realização de um conjunto de serviços específicos para conteúdo. Dessa forma, a perspectiva centrada em conteúdo acrescenta novos componentes à visão centrada em serviço. Os serviços centrados em conteúdo incluem rede de distribuição de conteúdo para distribuição tanto de mídia sob demanda quanto de mídia ao vivo, publicação de conteúdo, serviços de descoberta, adaptação e processamento, serviços DRM, conferência, anotação de mídia, indexação e busca. A figura 2 mostra as relações entre os diferentes componentes. Em mais detalhes, podemos definir:


Fig. 2 – Interrelação de componentes da futura Internet centrada em conteúdo.
• Infraestrutura (privada e pública): consiste de funções de transporte, armazenamento e processamento, de modo distribuído. Essa nuvem oferece a oportunidade de lidar com objetos de conteúdo ativos, mais do que cadeia de bits desestruturadas .
• Conteúdo: qualquer tipo e volume de informação bruta que pode ser combinada, misturada ou agregada para gerar novo conteúdo ou mídia. O conteúdo pode ser pré-gravado, em cache ou ao vivo, estático ou dinâmico, monolítico ou modular.
• Informação: produto de várias funções aplicadas ao conteúdo ou, recursivamente, à informação. Combinando-se, explorando-se ou agregando-se conteúdo e informações, podem-se extrair ou gerar novas informações.
• Serviço: resultado de um conjunto de funções aplicadas ao conteúdo, a informações ou, recursivamente, a serviços. Podem-se gerar ou compor novos serviços por meio do manuseio, gestão, combinação, personalização, adaptação (manual ou automática) de conteúdo, informação ou serviços.
• Segurança e privacidade: de propriedade do conteúdo, informação, serviços e infraestrutura, permitindo um controle muito mais eficiente sobre os objetos de conteúdo.
• Experiência de usuário/mídia: engloba todos os aspectos da interação do usuário final com os serviços e a mídia. A verdadeira experiência do usuário vai muito além de dar aos clientes o que dizem que querem ou de fornecer recursos de checklist.
Fig. 3 – Convergência de três diferentes perspectivas.

Impacto da perspectiva centrada em usuário
Tomando-se o usuário final com suas necessidades e desejos como a força para o desenho da futura Internet e das aplicações suportadas, consideramos os seguintes requisitos que terão um impacto sobre a camada serviço/mídia:
• O usuário final e a meta final, mais do que o seu dispositivo. Os usuários devem se localizar com facilidade e se engajar em interações, mesmo que usem múltiplos dispositivos em paralelo, sem a restrição de limitar o usuário a uma única identidade.
• Acessibilidade universal para os serviços com experiência de usuário; vários usuários abordam os serviços oferecidos com diferentes níveis de competência e esse nível evoluirá com o tempo, na medida em que fazem uso do serviço.
• Acessibilidade universal para geração de conteúdo: os usuários já agem como produtores de conteúdo, cuja implicação é que se uma rede centrada em serviço oferece componentes para a criação de conteúdo baseado na experiência de usuário final, esses componentes devem ser utilizáveis por todos os usuários.
• Se a rede é melhorada com uma certa inteligência para otimizar a experiência do usuário, isso não deve levar a uma sensação de perda de controle para o usuário que lida com um ambiente imprevisível.


Fig. 4 – Geração/reconstrução exata de mundos semanticamente enriquecidos.
Impacto da perspectiva centrada em serviço
Embora a Internet suporte uma ampla variedade de aplicações, vários blocos funcionais são comuns entre grandes grupos de aplicações. Para a perspectiva centrada em serviço, portanto, faz sentido projetar um ambiente de rede que suporte a criação, publicação, descoberta e uso flexível de componentes de serviços comuns. A flexibilidade aqui se refere à facilidade de detecção e invocação de componentes de serviço independente da localização. A inclusão no momento certo de componentes de serviço - ou seja, no momenta da criação de conteúdo baseado na experiência do usuário final - permite a otimização de serviços de rede e suporta uma rápida inovação. Os componentes de serviços comuns que geralmente encontram-se na lista incluem identificação de usuário, autenticação e autorização, segurança e DRM, gerenciamento de largura de banda, armazenamento, gerenciamento de energia, pagamento, informações de contexto de local e tempo, atividade de usuário, adaptação de conteúdo, funções de busca e indexação. Alguns desses - autenticação e autorização de usuário, adaptação de conteúdo a dispositivos e contexto de usuário podem ser vistos como impulsionados pela perspectiva centrada no usuário.
Fig. 5 – Um objeto de conteúdo: Barbie

Impacto da perspectiva centrada em conteúdo

A perspectiva centrada em conteúdo destaca o papel impulsionador que a multimídia rica tem e que continuará a ter no crescimento da Internet em termos de uso e tráfego. A web tornou-se uma verdadeira web de mídia, e o volume de conteúdo transferido continuará aumentando na medida em que a qualidade do conteúdo de mídia melhora cada vez mais (conteúdo em alta definição e ultra-alta definição, conteúdo em 3D e estereoscópico, conteúdo multivisão, etc.); que mais experiências de conteúdo tornam-se ativas e sociais; e que mais usuários evoluem de meros consumidores para criadores ativos e/ou reeditores de conteúdo. A web de mídia evolui ainda mais para uma web de mídia em tempo real com fluxos de conteúdo ao vivo e comunicação multimídia pessoa a pessoa ou de grupos. Essa pode ser uma experiência de aplicação em separado ou pode ser incorporada em um quadro de experiências, como jogos, educação e colaboração de usuários.
Para satisfazer a experiência do usuário, uma Internet centrada em conteúdo dependerá de um conjunto de serviços de rede de conteúdo específico. Dessa forma, a perspectiva centrada em conteúdo acrescenta novos componentes a visão centrada em serviço - indispensáveis para experiências de mídia - ou enfatiza outros já identificados. Os serviços centrados em conteúdo incluem rede de distribuição de conteúdo para distribuição de mídia sob demanda e ao vivo, publicação de conteúdo, serviços de descoberta, adaptação e processamento, serviços DRM, conferência, anotação de mídia, indexação e busca.
A figura 3 apresenta de forma esquemática a convergência das três perspectivas diferentes, porém complementares.

Fig. 6 – Esquemas 2d gerados pelo usuário para mundos 3D

O conceito de objetos de conteúdo.
Atualmente, o conteúdo de mídia é resultado de um processo de criação off-line, complicado e moroso, em que os componentes de conteúdo são compostos numa apresentação significativa e atraente. A distribuição pela rede para consumo é, então, a transferência da apresentação de mídia completa e finalizada, na forma de fluxo de bits, seguida por uma reprodução no dispositivo do usuário final. Os conceitos para a perspectiva centrada em serviço, como explicado acima, são a identificação e separação de componentes de serviço significativos e a integração just-in-time e flexível desses componentes numa experiência de aplicação. Espera-se que essa evolução de software e funções de rede também ocorra para mídia rica, ou seja, que as experiências de mídia sejam criadas como a composição no tempo certo dos objetos componentes do conteúdo que são facilmente localizados, sincronizados, reutilizados e compostos.
Já se pode discernir essa abordagem em aplicações do mundo virtual em que os usuários contribuem para a criação de conteúdo: a representação do mundo virtual no dispositivo do usuário final e a composição de objetos criados por vários autores e buscados quando de sua necessidade para uma representação. A figura 4 mostra uma cena possível de realidade mista de interação pessoa a pessoa, combinando objetos de mídia armazenados e ao vivo de diversas fontes e engajamento de muitos sentidos.
A disponibilidade dos objetos de conteúdo e suas relações espaciais e temporais, em vez do fluxo opaco de pixels e amostras de áudio, abrem novas oportunidades para a criação e o consumo de conteúdo:
• A reutilização de componentes de conteúdo existentes na criação de novo conteúdo audiovisual diminui a complicação, permitindo misturas de mídia rápidas e fáceis.
• Criação de conteúdo audiovisual colaborativo on-line.
• A personalização entra num novo estágio, evoluindo de uma seleção preparada de conteúdo para uma composição just in time.
• A inserção de conteúdo audiovisual armazenado em comunicação em tempo real e bastante facilitada.
• A combinação de conteúdo audiovisual capturado com conteúdo 3D sintético cria experiências excitantes de misturas de realidade.
• A possibilidade de o usuário intervir ativamente e moldar os componentes de conteúdo por meio de interfaces naturais, não verbais, melhora a experiência e dá a ele a capacidade de autoria, por exemplo, permitindo que reforme, personalize e reexperimente o conteúdo audiovisual de formas únicas, incluindo metadados em camadas.

Fig. 7 – Mapeamento de uma arquitetura de Internet centrada em conteúdo baseada em camadas para “objetos”

Uma alternativa voltada para o futuro para objetos de conteúdo

A clássica abordagem em camadas pode não ser a ideal para a visão de objeto de conteúdo: as funções avançadas de serviços de tratamento de conteúdo necessárias exibem características que diferem substancialmente dos componentes de serviço não orientados para conteúdo, levando a definição de componentes que se posicionam numa área pouco clara entre as camadas de conteúdo, serviço e de usuário. Uma alternativa e uma abordagem simples para o projeto de rede, começando do objeto em si, uma arquitetura de rede centrada em conteúdo, a arquitetura autônoma de objeto sem camadas (ALLOA - Autonomic Layer-Less Object Architecture). Na figura 4, já introduzimos o conceito de objetos de conteúdo, que podem gerar/ reconstruir mundos virtuais ad hoc, 3D semanticamente enriquecidos para criar uma experiência de mídia de imersão orquestrada. Aqui nós expandimos ainda mais esse conceito para "objetos de conteúdo". Um objeto de conteúdo é um contêiner polimórfico/holístico autônomo, que pode consistir de mídia, regras, comportamentos, relações e características ou quaisquer combinações.
• Mídia: são os pixels de conteúdo reais. Pode ser qualquer coisa que um ser humano possa perceber/experimentar com seus sentidos (uma pessoa dançando, o segundo violino numa orquestra sinfônica, um rasgo em seu cheque).
• Regras: podem se referir à forma pela qual um objeto é tratado e manipulado por outros objetos ou pelo ambiente (descoberto, recuperado, moldado, adaptado, entregue, transformado e apresentado). As regras podem ser usadas, por exemplo, para especificar se a mídia no objeto permite redimensionamento e que aceita um atraso de entrega de 2 segundos, mas que, certamente, deveria chegar para a apresentação no lado do usuário antes do objeto filho: o objeto sabe o seu propósito na experiência de mídia integrada e a sua prioridade na transferência. E, também, podem-se incluir as opções de manipulação do usuário final no momento da apresentação.
• Comportamento: pode-se referir à forma pela qual o objeto afeta outros objetos ou o ambiente.
• Relações entre um objeto e outros objetos: podem se referir a questões de tempo, espaço e sincronização. As relações podem, por exemplo, descrever que um objeto de áudio de uma pessoa cantando esteja relacionado a um modelo 3D animado de um cantor e que seja necessária a sincronização dos movimentos labiais.
• Características: descreve o objeto de forma significativa e permite a recuperação dos objetos relacionados: na interação do usuário com um objeto 'coc-au-vin', pode mostrar no ambiente de imersão 3D os ingredientes e preços atuais e pode levar a construção ad hoc de réplicas dos restaurantes que servem o prato.
Os objetos podem se organizar hierarquicamente, como os canais dos instrumentos que constituem uma banda de música, e podem disparar a geração de novos objetos. Pode-se dividir/separar objetos em novos ou múltiplos objetos, que se podem combinar/fundir e, finalmente, criar novos objetos. E essas operações podem acontecer enquanto os objetos estão "viajando" pela rede.
Pode-se clonar um objeto. O clone mantém as características do objeto "pai", mas sabe que é um clone. Isso também se associa a questões como tempo de vida (vida útil, verificação de atualizações) e de DRM. A clonagem tem implicações na abertura de novos modelos comerciais em torno de "experimentar ativamente o conteúdo audiovisual": pode-se distribuir o mesmo conteúdo audiovisual com diferentes características: por exemplo, para uma música, indo de um simples arquivo de MP3 até um conteúdo musical mais complexo sobre o qual o usuário tem capacidade de autoria para reformular a música, graças a disponibilidade de mais metadados e a um nível mais alto de representações, que permitem que esse usuário tenha vários graus de liberdade em tempo real, como, por exemplo, em termos de reorquestração da música, rearranjo (pós-produção) e fruição ativa compartilhada (social).
Os objetos autônomos viajam pela rede, dividem-se e combinam-se para gerar um novo serviço ou um objeto do mundo virtual. A futura Internet centrada em conteúdo suportará objetos de conteúdo para satisfazer suas relações.
Um exemplo de um objeto de conteúdo aparece na figura 5. Podemos supor que "Barbie" seja uma combinação de objetos de conteúdo. Consiste de diferentes objetos. Por exemplo, tem "pele". A "pele" é um objeto de conteúdo, com diferentes cores ou texturas. Tem "cabelo". O "cabelo" é um objeto de conteúdo, com diferentes cores, comprimentos e formas. Tem "olhos". Os "olhos" é um objeto de conteúdo, com diferentes cores, estilos e sombras. Veste "roupas" e usa "acessórios". Tanto as "roupas" quanta os "acessórios" são combinações de componentes, que podem mudar de acordo com tempo, contexto (escola, dança, ginástica), emoções. O que realmente diferencia esse exemplo das tecnologias atuais é que se pode compor ou descompor qualquer objeto digital em objeto de conteúdo: o ambiente, os carros, os edifícios, as coisas, etc., geram novo conteúdo em tempo real, no mesmo sentido em que SOA por suportar combinações de serviços.

Fig. 8 – Pesquisa e implantação da futura Internet centrada em conteúdo
Outro usa potencial da abordagem baseada em objetos está na figura 6, onde um usuário simplesmente esquematiza (em duas dimensões) a cena de interesse. Pode-se pensar em cada item individual como um objeto de conteúdo, que contem todas as informações que o caracterizam. Assim, cada objeto de conteúdo pode servir como um item rico autônomo, com recursos de baixo nível e de alto nível. Recuperam-se, então, automaticamente, os objetos 3D semelhantes (a cada item 2D esquematizado) do CCN - rede centrada em conteúdo, colocados num ambiente 3D, que também pode ser um objeto de conteúdo.
Atualmente, é muito difícil imaginar qual seria a aparência de uma arquitetura de rede que suporta objetos. A figura 7 mostra uma tentativa de mapeamento das características da abordagem em camadas apresentada na figura 2 para o novo conceito "sem camadas" do objeto, onde se mapeiam uma ou mais camadas para uma ou mais entidades do objeto.
Mais especificamente, a transferência e integração de objetos para criação de uma experiência de "mídia" orquestrada claramente demanda inteligência que combine aplicação ("serviço/mídia") e informações de "conteúdo". A inteligência pode estar incorporada nos próprios objetos, recuperando informações da rede e dando instruções para o roteamento e a transformação; ou a inteligência pode estar hospedada em nós de rede que tentam satisfazer os pedidos dos objetos, uma vez descritos nas "regras", "comportamentos" e ''relações'' (que recebem entradas das camadas "informação/adaptação", "conteúdo" e "infraestrutura"). Finalmente, as "características" que descrevem significativamente um objeto recebem a entrada principalmente da camada "informação/ adaptação".

Conclusões

Para chegar à visão de uma Internet futura, totalmente adequada as necessidades dos usuários do futuro, há que se considerar vários aspectos, como a complexidade da estrutura de rede vs. simplicidade de projeto de engenharia; escalabilidade vs. qualidade de entrega e tempo de resposta; eficiência vs. conveniência para o usuário; serviços e localização de conteúdo; usuário e mobilidade de rede; aspectos sociais e questões de confiança e segurança, para mencionar apenas alguns. Além disso, está sob forte discussão a decisão de seguir uma abordagem revolucionária ou uma abordagem simples. E, ainda, há o cenário possível de uma abordagem incremental começando com uma rede virtualizada e caminhando na direção de mashups de objeto de conteúdo.


Por Theodore Zahariadis, da Synelixis e Petros Daras, do CERH/ITI (Grecia),Jan Bouwen, da Alcatel-Lucent (Belgica), Norbert Niebert, da Ericsson (Alemanha), David Griffin, da University College London (Reino Unido), Federico Alvarez, da Universidad Politecnica de Madrid (Espanha) e Gonzalo Camarillo, da Ericsson (Finlandia) .
Artigo publicado na Revista RTI ano XII nº 132 – maio 2011

EDIFÍCIOS DE SÃO PAULO OPTAM POR REPARAÇÃO NAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Em 2010, 90% de 100 edifícios da cidade estavam sem sistema de aterramento. Após diagnóstico do Casa Segura, 48% dos síndicos optaram por pequenos reparos ou reforma total da instalação eIétrica .
Após um ano do levantamento feito pelo Programa Casa Segura em edifícios com mais de dez anos da cidade de São Paulo, pesquisa revela que 48% dos síndicos optaram por reparar parcial ou totalmente a instalação elétrica.
No ano passado, nove em cada dez edifícios com mais de dez anos de uso não tinham condutor de proteção (fio-terra) e dispositivo de proteção residual DR, segundo o estudo realizado em 100 edifícios de São Paulo, por meio de uma parceria do Programa Casa Segura com empresas administradoras de condomínios.
O objetivo do diagnóstico é orientar os responsáveis por condomínios e apartamentos sobre a necessidade de se adotar medidas de prevenção e correção nas instalações elétricas. Os números apresentados foram alarmantes e a maioria absoluta das edificações apresentou algum problema na rede elétrica. São casos que podem resultar em choques elétricos (alguns deles fatais), desperdícios de energia e risco de incêndio.
Dos 100 edifícios avaliados, 90% tem mais de dez anos. Os principais resultados revelaram que:

• 86% nunca realizaram reforma ou manutenção significativa na parte elétrica;
• 35% recorrem ao uso permanente de benjamins (Ts) e extensões para ligar equipamentos eletrônicos;
• 90% das instalações elétricas não possuem fio-terra";
• 90% não possuem tomadas de 3 polos com aterramento;
• 85% não possuem Dispositivo Diferencial-Residual (DR), responsável por desligar um circuito quando ocorrer fuga de corrente elétrica;
• 45% das edificações possuem emendas de condutores instaladas fora das caixas apropriadas, além de fios e cabos elétricos instalados de maneira inadequada.

Meses depois da apresentação do diagnostico, uma pesquisa realizada pelo Instituto Network com 70 dos 100 edifícios abordados revela que a maioria ainda não decidiu pelos reparos, mas 48% optaram por trocar a fiação dos quadros de luz, condutores, disjuntores e caixas de força.
A atitude dos responsáveis pelas edificações mostra que o diagnóstico visual da instalação elétrica de imóveis é importante é suficiente para conscientizar sobre a importância da manutenção constante das edificações. Essa atitude, além de economizar energia, pode salvar vidas.
O diagnóstico visual observa as condições dos principais componentes da instalação elétrica, incluindo a entrada de energia, o centro de medição, quadro geral de distribuição, além da situação das condutores elétricos, caixas, interruptores, tomadas, luminárias e demais componentes da instalação.
Os interessados em realizar um diagnóstico das instalações elétricas podem adquirir o serviço nas lojas de materiais para construção da C&C. O "Programa C&C com Você - Assistência Elétrica" está disponível nas unidades Morumbi, Lar Center, Tietê, Tamboré e Shopping D. Pedro, oferecendo serviços de assistência elétrica.
Ao comprar um diagnóstico elétrico, o consumidor levará um pacote que lhe dará direito a outros serviços, tais como troca de lâmpadas, instalação de varal de teto, eletricista, encanador, entre outros.

Artigo publicado na Revista O Setor Elétrico Ed. 66 julho de 2011

Lumens e Watt: você sabe o que é isso?

Diversos acontecimentos no Brasil fizeram com que a população passasse a se interessar mais por questões ligadas à eficiência energética, o que fez termos, até então reservados aos especialistas, entrarem na rotina dos cidadãos. O "apagão", por exemplo, aconteceu há aproximadamente dez anos e exigiu uma diminuição de quase 20% do consumo de energia elétrica. Como fato mais recente, vale destacar a Lei sancionada pelo Governo Federal que determina a retirada das incandescentes do mercado ate 2016, despertando, mais uma vez, o interesse por informações sobre como aproveitar da melhor forma possível a energia elétrica.
Hoje, podemos dizer que entramos em uma nova fase, possibilitada pela chegada de produtos que utilizam os diodos emissores de luz, mais conhecidos como Leds. Usados anteriormente apenas em pequenos dispositivos eletrônicos, como o controle remoto da TV, atualmente, fazem parte de uma enorme variedade de soluções do setor de iluminação, como lâmpadas residenciais, comerciais, automotivas e até para obras públicas.
Junto com a evolução desta tecnologia, uma nova nomenclatura surge e deve, em pouco tempo, passar a fazer parte das contas de quem está preocupado com a economia de energia e pretende ter um sistema de iluminação com alta eficiência energética. Este termo, medido em lúmens por watt (lm/W), traduz a relação entre o fluxo de luz emitido por uma lâmpada e sua potência. Em outras palavras, mostra o quanto ela emite de luz com a energia que consome: quanto mais luz emitir e menos energia consumir, melhor e mais eficiente esta lâmpada será.
Por exemplo, uma incandescente tradicional pode fornecer de 10 a 15 lm/W, enquanto uma fluorescente tubular é capaz de trabalhar entre 55 e 75 lm/W, ou seja, é mais eficiente que a incandescente. Com relação aos LEDs, há uma versatilidade que possibilita a criação de produtos capazes de operar com eficiência muito superior a 50 lm/W, sendo que, em laboratório, já se ultrapassou a barreira dos 140 lm/W para componentes de Leds isolados, algo improvável de se pensar há três anos.
A partir desta informação, já presente nas embalagens das lâmpadas, é possível comparar os produtos com maior facilidade e analisar as vantagens de se optar pelo Led ou pelos produtos ,tradicionais em determinado sistema de iluminação, sempre observando a área que será iluminada e as estruturas das instalações.
Acostumamo-nos a fazer os cálculos de economia de energia com base na tecnologia das lâmpadas incandescentes, que nos exigia uma conta básica com foco em quantos watts eram consumidos. Porém, passaremos por uma "reciclagem" no que diz respeito aos cálculos de nossos gastos. Será uma questão de tempo até que o termo lúmens/watt invada de fato nosso cotidiano, por isso o quanto antes nos habituarmos e entendermos este conceito, mais conscientes e responsáveis serão nossas escolhas em termos de sustentabilidade.

Por Marcos de Oliveira Santos
Artigo publicado na Revista O Setor Elétrico Ed. 66 julho de 2011